Galeria
O processo da criação dos filmes de António Alves
Criar os Personagens
Os personagens são concebidos com diversos factores em mente. No caso de Biscoitos de Cão, Borges evoluiu à volta do atributo da dor de dentes que o personagem revela no início do filme, com bochechas inchadas para dar ênfase ao desafio do personagem, como também para o tornar mais expressivo. Com o desenvolvimento dos cenários durante a produção, o design de Borges sofreu alterações, perdendo pormenores e com cores mais pálidas em contraste com os cenários coloridos e detalhados.
Em Doce Amanhã, o estilo artístico não ficou decidido até alguns meses após a aprovação do storyboard. Diversas experiências foram feitas, inclusive um teste espelhado para procurar a identidade dos personagens principais. Semelhante a Biscoitos de Cão, os personagens destacam-se dos cenários repletos de pormenores com cores pálidas e/ou em branco.
Pippo a Pulga e Gregório Graínha tiveram transformações drásticas em pouco tempo, simplificando os seus designs à volta de um dos temas do filme, este sendo a aracnofobia; por conseguinte, Gregório perdeu os pêlos, a cara ficou mais expressiva e ganhou um par de braços, enquanto Pippo ganhou peso e expressões faciais que não estão presentes no esboço inicial.
Esboços iniciais de Borges, do orangotango, do Pippo e Gregório, feitos antes da produção das curtas respectivas.
Animações
As animações das três curtas-metragens foram feitas em tablet, mas com o uso do software Sketchbook Pro, que não possui ferramentas específicas para animação. Em vez disso, o processo é mais semelhante ao da animação tradicional, recorrendo às layers do projecto em vez de uma linha do tempo, começando com rough sketches (normalmente desenhados a azul), seguido dos clean-ups dos desenhos-chave, e finalmente os inbetweens.
Os três filmes utilizam estéticas completamente distintas: Biscoitos de Cão baseia-se nos desenhos animados americanos dos Anos 50 e 60 e os personagens são pintados com cores mais estéreis para complementar os cenários. Doce Amanhã utiliza um estilo semelhante aos desenhos de diários gráficos, e Pippo, a Pulga baseia-se nos desenhos animados italianos dos Anos 70, como os de Osvaldo Cavandoli (La Linea) e Bruno Bozzetto (Signor Rossi, Stripy).
Evolução da sequência de um gibão a balançar de árvore em árvore em Doce Amanhã.
Cenários
Doce Amanhã
Doce Amanhã teve como referência principal o trabalho do fotógrafo de vida selvagem Frans Lanting. Com o uso de pastéis e lápis de sanguínea e água, dezenas de desenhos foram feitos para criar todos os cenários do filme, desde os céus cobertos de nuvens às manchas a simular terra e gravilha. Devido à paleta de cores limitada, recorri à correcção de cor, não só para haver consistência em cada peça de natureza utilizada na composição, como também para simular ambientes e emoções, numa ilha que evolui ao longo da curta-metragem.
Diversas camadas foram feitas para cada cena com o propósito de simular perspectiva.






Pippo, a Pulga
Os cenários de Pippo, a Pulga foram quase todos eles feitos com uma ilustração (à direita) feita em carvão, esta inspirada nas ilustrações científicas do Renascimento, nomeadamente no Historia animalium, do biólogo suíço Conrad Gessner. Cada parte do corpo foi desenhada à parte, digitalizada e montada para dar forma ao animal, como também os cenários do filme (em baixo), utilizando os tufos de pêlo do camelo como arbustos e os seus músculos como montes.


